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Um novo projeto de lei pretende proibir que provedores de internet e operadoras de telecomunicações cobrem provedores de conteúdo pelo uso das redes, tarifa conhecida como fair share. O texto argumenta que tal obrigação entraria em conflito com os princípios do Marco Civil da Internet.

O PL 469/24 é de autoria do deputado federal David Soares (União-SP). Ele argumenta que o fair share vai contra o princípio de neutralidade da rede, estipulado pelo Marco Civil. Segundo este princípio, os provedores têm que dar o mesmo tratamento a qualquer tipo de tráfego de dados, sem diferenciar por conteúdo, origem, destino ou volume. Cobrar a mais de algumas empresas, portanto, seria ferir este princípio.

Deputado David Soares é o autor da proposta (Imagem: Bruno Spada / Câmara dos Deputados)

O projeto segue para as comissões de Comunicação e de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ). Ele será analisado em caráter conclusivo — caso seja aprovado por estas comissões, segue diretamente para o Senado, sem precisar ser votado na Câmara.

Operadoras querem que big techs paguem mais

O fair share é uma proposta das operadoras de telecomunicações. Elas entendem que grande parte do tráfego da internet vem de um pequeno número de empresas gigantes, como redes sociais e serviços de streaming.

Os provedores veem aí uma distorção. As big techs estariam usufruindo da infraestrutura e ganhando dinheiro com isso, sem dar nenhuma contribuição. O fair share entraria em cena para fazer empresas como Google, Meta e Netflix, para dar alguns exemplos, pagarem mais pela rede, financiando a construção e a manutenção das redes.

YouTube e Netflix poderiam ser tarifados por uso excessivo (Imagem: yousafbhutta / Pixabay)

Na Europa, o assunto não vingou: após consulta pública, só as empresas de telecomunicações ficaram a favor da ideia. No Brasil, o tema vem sendo debatido com mais frequência desde 2023. Algar, Claro, TIM e Vivo assinaram uma carta aberta, publicada no MWC 2024, pedindo políticas públicas que levem as big techs a contribuírem financeiramente.

Críticos da proposta, como a Internet Society (Isoc) e o Instituto Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS-Rio), chamam o fair share de “pedágio da internet”. A ideia de que as big techs não contribuem para a rede também é discutível, já que elas fazem investimentos em estruturas como cabos submarinos e redes de distribuição de conteúdo.

A Agência Nacional de Telecomunicações tem algumas hipóteses para a questão, mas medidas concretas só devem vir em 2025, depois de mais discussões com os envolvidos.

Enquanto isso, as operadoras brasileiras tomam outras medidas para tentar frear o uso da rede pelas gigantes. Elas estão deixando de oferecer o chamado zero rating, nome dado à franquia ilimitada para certos aplicativos, geralmente de mensagens ou redes sociais. Claro e TIM estão encerrando ofertas do tipo, e a Vivo não comercializa planos com redes sociais ilimitadas, exceto WhatsApp.

Com informações: Câmara dos Deputados

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Fonte: tecnoblog.net/noticias/projeto-de-lei-quer-impedir-teles-de-cobrarem-fair-share-de-big-techs